Polícia Civil indicia médico suspeito de matar esposa em Canoas com medicamentos de uso restrito

  • 08/11/2024
(Foto: Reprodução)
Médico do Samu Andre Lorscheitter Baptista está preso preventivamente pela morte da enfermeira Patricia Rosa dos Santos. Defesa do investigado diz que ele é inocente. Médico é preso em Canoas por suspeita de matar a companheira com medicamento Reprodução/RBS TV A Polícia Civil indiciou, na quinta-feira (7), o médico do Samu Andre Lorscheitter Baptista, suspeito de matar a esposa, a enfermeira Patricia Rosa dos Santos, em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Segundo a investigação, o homem teria utilizado um medicamento de uso restrito para cometer o crime. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp A informação foi confirmada ao g1 pelo delegado Arthur Reguse. "O médico foi indiciado por quatro crimes: feminicídio qualificado, por emprego de veneno e meio que impossibilitou a defesa da vítima; furto qualificado do medicamento que ele utilizou para matar a vítima, que foi subtraído de um crime que ele fez no Samu de Porto Alegre; falsidade ideológica, pois ele omitiu ou fez declaração falsa junto à Polícia Federal do endereço de onde estaria a pistola que ele tinha registrada em seu nome; além de adulteração de local de crime, pois ele movimentou o corpo da vítima, retirou do local onde ela estava e maquiou toda a cena para tentar evitar ser pego", relata. O médico está preso preventivamente desde 29 de outubro. Em nota, a defesa de Andre Lorscheitter Baptista afirma que "o investigado nega veementemente qualquer envolvimento no ocorrido, sendo totalmente inocente das acusações imputadas, e reitera que as circunstâncias apontadas não condizem com a verdade dos fatos" (leia a íntegra do comunicado abaixo). A polícia também indiciou uma equipe do Samu de Canoas por adulteração de local de crime. Um médico, um enfermeiro e um motorista de ambulância, que não tiveram os nomes divulgados, teriam movimentado o corpo da vítima após a morte. A prefeitura do município afirma que "notificou a empresa terceirizada responsável pela gestão do Samu, para que os fatos sejam esclarecidos". Patricia Rosa dos Santos morreu, em Canoas, após aplicação de medicamentos Arquivo pessoal Relembre o caso A Polícia Civil afirma que a enfermeira foi morta no dia 22 de outubro. Nesse dia, por volta das 8h, o médico teria ligado para os familiares da esposa comunicando a morte dela. Quando os parentes chegaram à residência do casal, o suspeito apresentou um atestado de outro médico do Samu, que informava como causa da morte infarto agudo no miocárdio. Os familiares desconfiaram da versão, comunicando a polícia. Segundo a polícia, o médico disse que a esposa havia dormido no sofá do imóvel após comer sorvete, mas ela foi encontrada morta em outro cômodo da casa. Após perícia na sobremesa, foi encontrado o remédio Zolpidem no pote, que a investigação indica que foi usado para fazer a vítima dormir. Indicado para tratamentos com o prazo máximo de quatro semanas, o Zolpidem age no sistema nervoso central e induz o sono em menos de 30 minutos. A polícia também encontrou remédios em uma mochila que estaria dentro do carro do médico. Eram Zoplidem, Midazolam e Succitrat, os dois últimos de uso restrito, além de gaze, agulhas e outros insumos médicos. O Midazolam é um medicamento sedativo e indutor do sono destinado a pacientes adultos. Já o Succitrat é um relaxante muscular em anestesia de curta duração. O Samu de Porto Alegre disse ter identificado a falta de um frasco de Midazolam na troca do plantão do médico em 21 de outubro – um dia antes da morte da esposa. O Instituto-Geral de Perícias (IGP) encontrou marcas de injeção em um dos braços e em um dos pés da vítima. A polícia acredita que as marcas indicam as partes do corpo da enfermeira em que o médico teria administrado as doses dos remédios. Gaze com sangue também foi identificada. Preso médico suspeito de matar a mulher em Canoas Investigação No momento da prisão, o delegado Arthur Reguse classificou o investigado como uma "pessoa fria, desconexa e com dificuldade de se expressar". "Ele não tinha comportamento de uma pessoa que havia recém perdido a esposa, também constatamos que o local do crime estava com uma organização diferente da que ele havia descrito. Ele não soube explicar a razão de ter a medicação em casa. Além disso, ele é médico emergencista do Samu, mas não teria realizado manobras cardiorrespiratórias para salvá-la, ainda que tenha conseguido um laudo de outro médico apontando a causa da morte como natural, por infarto agudo no miocárdio", disse o delegado. Ao longo da investigação, um episódio entre o casal chamou a atenção das autoridades: ele já teria dopado a esposa anteriormente, mas com o objetivo de forçar um aborto. A manobra não deu certo. "Patricia teve o filho, que nasceu saudável e hoje tem 2 anos. Ele dopou ela administrando uma medicação e inseriu instrumentos médicos no interior do útero com o objetivo de causar o aborto", relatou Reguse. Segundo familiares dela, não haveria histórico de violência entre os dois além desse caso. Não há informações a respeito de um possível desacerto entre os dois, como um término do relacionamento, também. 'Monstro' e 'inimigo' Cerca de 300 amigos e familiares da enfermeira Patricia Rosa dos Santos se reuniram no dia 2 de novembro, em Canoas, para pedir justiça no caso. Emocionada, a mãe da enfermeira, Mareci Rosa dos Santos, disse estar perplexa com a postura do genro, a partir das informações divulgadas pela Polícia Civil. "Tem que mostrar para esse mundo como ele se mostrava para a minha família. Ele se mostrava um anjo bom, mas era um monstro", disse a mãe. A irmã mais velha de Patricia, Priscila Rosa dos Santos, disse que a vítima "dormia com o inimigo". "Ele sempre foi esquisito, sempre foi estranho, sempre foi diferente. E ela acreditou nele. Ele manipulava, ele conseguia fazer ela acreditar que ele era bom", disse a irmã. Mantida prisão de médico suspeito de matar a mulher em Canoas Nota da defesa do médico: "Em atenção à imprensa e à sociedade, e considerando os recentes desdobramentos do caso envolvendo o Sr. André Lorscheitter Baptista, sua defesa técnica, representada pelo advogado Luiz Felipe Mallmann de Magalhães, vem a público prestar os seguintes esclarecimentos que considera necessários ao momento. Sobre o apressado indiciamento de André pelo suposto crime de feminicídio contra sua então esposa, Patrícia Rosa dos Santos, e demais crimes correlatos, a defesa reafirma que o investigado nega veementemente qualquer envolvimento no ocorrido, sendo totalmente inocente das acusações imputadas, e reitera que as circunstâncias apontadas não condizem com a verdade dos fatos. Com todo o respeito à instituição da Polícia Civil, a defesa técnica destaca que o procedimento de apuração não foi conduzido com a necessária imparcialidade, tendo-se observado desde o início uma clara tendência de direcionar a investigação para uma única linha de suspeita, com foco em reunir elementos para imputar a culpa a André, sem considerar adequadamente todas as informações disponíveis. Isso é evidenciado pelo fato de que o inquérito foi concluído sem a oitiva de diversas testemunhas indicadas pela defesa, que poderiam contribuir significativamente para o esclarecimento dos fatos. Outro ponto de destaque é o fato de que o indiciamento por feminicídio se deu sem a apresentação de qualquer motivação. Não há, em momento algum, qualquer prova ou indício que sustente a alegação de uma possível motivação – obviamente inexistente – para o crime, lacuna na fundamentação do indiciamento que reforça ainda mais a improcedência das acusações. Ademais, a defesa repudia a postura do Delegado de Polícia ao utilizar o caso como meio de autopromoção, ao divulgar à imprensa informações e elementos do inquérito aos quais a defesa ainda não teria tido acesso ou que sequer estavam documentados no procedimento investigatório, conduta essa que compromete a transparência da apuração e a confiança na Instituição. Ainda, em relação à notícia sobre a instauração de um novo inquérito, que apura suposto crime de abuso por parte de André contra seu filho, a defesa esclarece que se trata de fato inverídico, amparado em denúncia anônima totalmente infundada, que busca de forma indevida detratar ainda mais a imagem de André e alienar o filho de seu pai. O Sr. André sempre demonstrou ser um excelente pai, com um relacionamento afetuoso e dedicado ao seu filho, fato inclusive corroborado pelos depoimentos presentes no Inquérito Policial, e jamais praticaria qualquer ato de crueldade. André Lorscheitter Baptista seguirá firme na defesa de sua inocência e confia que, dentro dos procedimentos legais cabíveis, conseguirá comprovar a falsidade das acusações que lhe são imputadas. Sua defesa continuará atuando com rigor e respeito, buscando sempre o esclarecimento da verdade." VÍDEOS: Tudo sobre o RS

FONTE: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2024/11/08/policia-civil-indicia-medico-suspeito-de-matar-esposa-em-canoas-com-medicamentos-de-uso-restrito.ghtml


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